Criar planos de marketing na hotelaria e no turismo? Este livro explica como
Em contexto de pandemia, os planos de marketing assumem um papel ainda mais estratégico para as empresas do sector da hotelaria e turismo, porque há que alterar a forma de comunicar junto do mercado e dos clientes. E as crises são também uma oportunidade para reinventar e adaptar a operação. Quem o diz são os autores do livro “Plano de Marketing e Marketing Digital na Hotelaria e no Turismo”, que visa ajudar as empresas destes sectores a utilizarem o marketing para serem mais competitivas.
Com chancela da editora Lidel, o novo livro promete ser uma ferramenta essencial para as micro, pequenas e médias empresas do sector da hotelaria e do turismo, bem como para estudantes que queriam iniciar uma carreira nesta área. O manual conta com uma primeira parte dedicada à planificação de estratégias e ações de marketing e uma segunda parte exclusivamente centrada no marketing digital, que está em crescimento.
Em entrevista à Marketeer, os autores Eduardo Moraes Sarmento, Nuno Abranja e Rita Vitorino de Carvalho, explicam o que motivou o lançamento deste livro, dissecam os seus conteúdos e perspetivam como será a atividade turística em 2022.
O que motivou o lançamento do livro “Plano de Marketing e Marketing Digital na Hotelaria e no Turismo”, em particular neste contexto de maior dificuldade para o sector?
Este livro teve duas motivações principais na sua génese: por um lado, a perceção de que, por vezes, há falta de uma informação simples, intuitiva e estruturada que possa ajudar os profissionais que operam nesta atividade a obterem maiores níveis de competitividade e profissionalismo num mundo global e cada vez mais competitivo; por outro, ajudar os alunos através da oferta de um manual muito virado para a componente prática, com um enorme conjunto de fichas práticas que os ajudarão a consolidar os processos de aprendizagem, pela possibilidade de trabalhar de forma mais aprofundada os conceitos.
O facto deste livro ter sido concebido numa fase de enorme dificuldade para esta atividade ajudou a estruturar a importância de reforço dos conceitos internos, sobretudo a nível dos pequenos e médios empresários, cujas especificidades diárias impõem níveis de exigência bastante superiores aos registados nas grandes empresas, que geralmente têm, em menor ou maior número, departamentos totalmente vocacionados para estas temáticas.
A que target(s) se destina?Este livro destina-se a profissionais de micro, pequenas e médias empresas nas áreas de marketing, hotelaria e turismo; e a professores e estudantes do ensino superior e profissional, nas mesmas áreas.
A primeira parte do livro é dedicada à elaboração de um plano de marketing com uma perspetiva inovadora de apresentação. Leva o leitor a tornar mais objetiva a sua aplicação com recurso a modelos/quadros de reflexão e aplicação. A segunda parte é exclusivamente centrada no marketing digital, através de uma abordagem original, clara e pragmática.
Face ao contexto de pandemia, como devem as empresas do sector da hotelaria e turismo reajustar os seus planos de marketing?
Em contexto de pandemia, os planos de marketing assumem um papel verdadeiramente estratégico, pois há que alterar significativamente a forma de comunicar o produto junto do mercado e dos clientes, criar uma expectativa e, naturalmente, garantir a melhor experiência, de forma a que se consiga manter o cliente permanentemente satisfeito e a vivenciar uma experiência inesquecível.
Este período de pandemia, se bem que imensamente negativo para muitas destas empresas, por outro lado, representou uma oportunidade ímpar para muitas empresas poderem requalificar e reorganizar a sua forma de operar. Infelizmente, dadas as circunstâncias adversas, muitas empresas não só não conseguiram manter abertas as suas portas, como também não tiveram capacidade para efetuar esses tão importantes reajustamentos.
Não há, no entanto, a mínima dúvida de que o reajustamento dos planos de marketing e as formas de comunicação junto dos mercados e dos clientes mudou inexoravelmente e apenas as empresas que consigam ter sucesso nestes aspetos poderão, no futuro, manter-se competitivas e economicamente e financeiramente saudáveis.
Em que medida é que a pandemia veio mudar o perfil de consumidor neste setor? Que tendências identificam? E vieram para ficar?
A pandemia em si não mudou o perfil. Apenas veio reforçar uma tendência que já existia de se utilizar cada vez mais as ferramentas tecnológicas, reforçou a importância do marketing e potencialmente fomentou a procura de destinos turísticos que não sejam massificados e que ofereçam experiências mais autênticas e simultaneamente mais seguras.
Este novo panorama turístico veio seguramente para ficar, até porque o mercado já estava progressivamente a alterar-se e estas tendências deverão ganhar ainda mais peso e importância.
A pandemia veio obrigar muitas empresas a investir no digital, não apenas em termos de comunicação mas também de vendas (e-Commerce). Como devem as empresas do sector trabalhar esta vertente para maximizar resultados?
O marketing digital tem tido um crescimento indescritível, transformando-se numa oportunidade incomparável para todas as empresas turísticas e hoteleiras que investem da forma mais criativa e inovadora na Internet. A procura por soluções de marketing digital adequadas à área de negócio, ao produto e/ou serviço que comercializa ou ao público-alvo, tem proporcionado o aparecimento de ferramentas valiosas na obtenção de resultados muito positivos em termos de notoriedade, visibilidade, vendas e rendimentos. De acordo com a Marktest, em 2020, 76% dos portugueses com 15 e mais anos acederam à internet (mesmo que de forma esporádica) através de computador, telemóvel ou tablet, revelando-se uma tendência crescente.
Investir em marketing digital não significa, contudo, apenas a criação de um website, um blogue ou uma newsletter, considerando que o êxito online implica imperativamente um investimento coordenado, articulado e multicanal. Ou seja, é altamente recomendável que se estude primeiro o mercado, se identifiquem conscientemente as ferramentas e equipamentos ao nosso dispor e, então, planeiem as ações estruturadas e conectadas necessárias e adequadas a todos os contextos da nossa empresa, de forma estratégica e operacional. Sugerimos no nosso livro muitas estratégias e operações de marketing digital adequadas às empresas turísticas e hoteleiras.
Como anteveem o ano de 2022 para as empresas da hotelaria e turismo? O sector pode “sobreviver” a mais um ano de pandemia e restrições?
O sector turístico voltará a assumir o papel de destaque que conquistou e lhe é merecido, em que as nossas empresas turísticas e hoteleiras voltarão a ter um papel absolutamente fundamental no mercado mundial que voltará muito em breve a ser grandemente competitivo. Todos os contextos de crise são situações de difícil previsão e planeamento, mas nesta conjuntura acreditamos que todos os intervenientes do turismo trabalharão cada vez mais em rede, reinventando-se, desenhando novas formas e procedimentos de trabalho e definindo novas estratégias, focos e operações.
Deste modo, apesar das situações críticas terem arrastado graves consequências, nascerão outras oportunidades para os agentes turísticos capitalizarem novas inovações no produto, no serviço, nas estratégias e ações de marketing, nas operações e procedimentos, nos canais e modelos de distribuição e na própria gestão dos próximos clientes. Viajar vai voltar a ser acessível a todos muito antes do que aquilo que julgamos. Diríamos mesmo que, após a criação de todas as condições de mobilidade internacional e abertura de fronteiras, viajar deve ser encarado quase como obrigatório para voltarmos a alargar horizontes, a repartir a riqueza pelo mundo, a (re)contribuirmos para a (re)ativação económica, social e cultural das regiões mundiais e a (re)beneficiar dos prazeres da vida.
Estamos em crer que 2022 será o ano da recuperação e 2023 da consolidação!
Texto de Daniel Almeida Fonte: marketeer.sapo.pt/